A partir dessa semana, publicamos uma série de entrevistas que serviram como inspiração e material de pesquisa para a produção de Nas Paredes da Pedra Encantada.
Começamos com Zé Ramalho que, em março de 2009, é entrevistado por Cristiano Bastos, um dos diretores do documentário. A matéria é publicada na edição nº30 da revista Rolling Stone. Leia aqui a entrevista.
Começamos com Zé Ramalho que, em março de 2009, é entrevistado por Cristiano Bastos, um dos diretores do documentário. A matéria é publicada na edição nº30 da revista Rolling Stone. Leia aqui a entrevista.
Abaixo, estão extras da conversa entre Cristiano Bastos e Zé Ramalho, onde falam sobre o disco Paêbirú. Confira.
Por que você não quer mais falar sobre o álbum Paêbirú?
Zé Ramalho: As coisas são muito simples. Não vou citar aqui razões pessoais, particulares. A minha recusa em falar é assim: quando Paêbirú foi lançado, há mais de 30 anos, na época em que saiu, apesar da cheia que aconteceu, ninguém falou nada sobre ele. Alguns álbuns foram mandados aqui pro Rio de Janeiro. Por que tantos anos depois? Deviam ter falado sobre isso naquela época! Eu acho apenas incrível que se vislumbre tudo isso em torno de um trabalho que já foi feito há muito tempo.
E o Dom Tronxo, que tocou aquela guitarrona em "Raga dos Raios", do Paêbirú?
Zé Ramalho: Dom Tronxo tornou-se, depois, grande compositor. Ele tem discos gravados com selos alternativos. O encontrei em Caruaru, cerca de um ano atrás, morando numa fazenda. Fui ver um show que ele estava fazendo. O nome dele, na verdade, é João Fernando. Ele tinha um grupo chamado Dom Tronxo & As Borboletas Cor de Leite. Aí você pensa que vai entrar um cara com a banda, e entra o cara sozinho. Ele se chamava assim. Dom Tronxo era um cara muito loucão. Nas experiências de cogumelo ele sempre tava no meio. No encarte de Paêbirú ele aparece recebendo um cogumelo de uma criança. Quando ele ficava doidão, ele dizia assim pra gente: "Vem aqui. Vou mostrar que consigo mexer a lua com o dedo". (muitas risadas)
E a Pedra do Ingá?
Zé Ramalho: Essa pedra é o seguinte: de vez em quando faço visitas à Pedra do Ingá. É curiosa porque ela me dá projeções de como imagino certas coisas: criação do mundo, primeiros habitantes da terra, criaturas do espaço que vieram aqui. Eu sou agnóstico, como John Lennon: imagino o mundo sem religiões. Eu aceito a explicação, que cada vez é mais permanente, que foram criaturas do espaço que vêm nos visitar. Faço parte dessa legião de ufólogos que tem grande esperança numa revelação. Me sinto privilegiado em ser contatado por cientistas e ufólogos. A experiência de "Avôhai", que contei sobre aquela viagem de cogumelos, "as cortinas", tem uma presença alienígena. A visão que eu tive, na verdade, foi de uma nave gigantesca que estava em cima de mim (Ramalho diz mirando o teto), enorme. Por entre as nuvens dava pra ver a sombra da nave – imensa, gigantesca. Havia um apresença alienígena, com certeza. E quando olhei para o chão, estava repleto de ollhos de gente a me observar. Isso aconteceu perto de Recife, num pasto chamado Rio Botafogo, uma fazenda enorme onde os malucos descobriram as amanitas que nasciam por lá. Essa experiência lisérgica foi definitiva para toda minha vida.
A Elba, sua prima, se deu mal com as declarações dela...
Zé Ramalho: Ela deu mole com aquela história de dizer que foi "chipada". A Elba, da mesma forma que fala de UFO, fala de santas. Não pode.
Ela fez um "sincretismo espacial".
Zé Ramalho: Muito louco isso. Uma coisa dilui a outra. Se bem que até o Vaticano já mandou dar o seguinte recado: "A Santa Igreja aceita todas as criaturas do espaço porque são todas filhas de Deus" (risos). Mas algo importante está criptografado no painel da Pedra de Fogo. Ela está ligada com Machu Pichu e o Caminho da Montanha do Sol passa pela Pedra do Ingá. Foi uma criatura só que fez tudo aquilo... A Pedra do Ingá do Rio de Janeiro, onde o pessoal solta de asa delta, tem a forma de uma cara gigante. Todas essas inscrições foram feitas numa mesma "caminhada", que algum ser, numa nave gigantesca, fez pelo planeta milhares anos atrás.
Você tem o Paêbirú?
Zé Ramalho: Sim, o vinil pirata alemão.
O que planeja daqui pra frente?
Zé Ramalho: Antes, passar férias na Paraíba, na casa de praia que tenho em João Pessoa, à beira do mar, em Areia Vermelha. O melhor lugar do mundo. Eu passo um mês em contato com a natureza lá. Eu fico na praia com a minha mulher e os filhos, e me sinto muito bem com as pessoas que passam e acenam pra mim. Eles vão lá e ficam me cumprimentando o dia inteiro.
Mestre Zé tem razão, não só o Paêbirú, como também o Ave Sangria, o próprio Lula Côrtes que nosdeixou nesse ano e que felizmente eu tive a honra de vê-lo em ação num palco, também grupos como os Mutantes, Secos e Molhados, só são devidamente valorizados muito tempo depois de encerrarem as atividades ou então, quando algum artista gringo, como o Kurt Cobain, Beck ou o Sean Lennon falam que gostaram deles, aí vem um monte de paga-pau, dizer que "tem orgulho de nossa música". Muito estranho isso. Eu tb faço o meu "mea culpa", pois só conheci o Paêbirú esse ano e fui à Pedra do Ingá. Só posso achar tudo isso lamentável.
ResponderExcluirNão acho que o Zé Ramalho esteja certo em não falar do disco simplesmente porque não fez sucesso na época, acho esse disco MUITO acima do seu tempo então é mais do que natural fazer sucesso agora !!!
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